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AS TRÊS GRANDES ONDAS DE SRI CAITANYA MAHAPRABHU NO BRASIL

 

(Relato das três principais iniciativas de se estabelecer e manter o Vaisnavismo no Brasil, precisando fatos históricos relacionados a presença direta e indireta de A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada (A Primeira Onda), Srila Bhakti Rakash Srila Sridhara Maharaja (A Segunda Grande Onda) e atualmente Srila Bhaktivendanta Narayana Maharaja (A Terceira Grande Onda).

 

A Primeira Onda

 

 Parte IV

 

 

Templo da Estrada Velha da Tijuca -  Durante todo aquele tempo vinha fazendo Sankirtana pessoa a pessoa, e apesar de não ganhar "maha prasada" mantinha uma distribuição de livros regular, até que um dia comecei a perceber o quanto estava cansado e precisava parar um pouco.

 

Sankirtana em Madureira - Capitulo a parte foi a descoberta de Sankirtana nos Subúrbio da Cidade do Rio de Janeiro. Impressionante, as pessoas nos cercavam e ficavam atentamente nos observando, mas poucos levavam livros, até que um dia descobrimos que todos queriam muito incensos.

 

Fomos até o centro do Rio e adquirimos caixas de incenso, cada uma com 10 pacotinhos vermelhos com nove incensos, e mal chegávamos a madureira tínhamos que organizar e administrar a ansiedade das pessoas que nos cercavam e sem qualquer barganha compravam e compravam incensos de forma desesperada.

 

Houve dias, logo no início da descoberta, que em duas horas vendíamos 10 caixas grandes de incenso, as pessoas adoravam incenso e o lucro era enorme embora a oportunidade falar sobre a consciência de Krsna fosse pouca. Não me recordo de ver uma única pessoas que vendíamos incenso em madureira ir até o templo, e realmente, poucas pessoas estavam interessadas em livros.

 

O fato é que aos poucos o interesse foi diminuindo....diminuindo, a novidade deixava de ser novidade e em de um momento em diante as pessoas mostravam porque não queriam livros, mostravam que tinham outros interesses, não estavam procurando vida monástica e lembro até hoje  o espanto das pessoas principalmente das moças quando ouviam o que era preciso para ser um devoto. Para elas ser vegetariano, casto e  buscar não agitar a mente com tóxicos, estimulantes e jogos de azar era algo muito além de que imaginavam como meta de felicidade para as suas vidas.

 

Nessa época os devotos resolveram que era muito importante ter incensos como auxilio para distribuição de livros e ai criaram a Spiritual Sky.

 

Muito Laksimi ($$$$) foi obtido e até hoje não sei para onde foi todos aquele recursos, pedir prestação de contas era visto como ofensa, embora gastar ilicitamente não fosse.

 

Administração -  Na época quem estava encarregado do Templo do Rio era o Prabhu Aradhya, que pronto a alcançar as metas não media esforços, embora ele próprio não fizesse Sankirtana. Entendi que seria apropriado pedir ao Prabhu Aradhya que, durante algum tempo eu ficasse no templo me ocupando de outros serviços, uma vez que estava realmente muito cansado de sankirtana e estava começando a não poder manter regularidade. Ai já tinha praticamente três anos de Sankirtana ininterrupto, usando uma sandália havaiana, os pés já estavam todos rachados.

 

Observem que na época a rotina era bastante forte, e não estou nem me referindo a seguir os princípios , estes eram e até hoje são fáceis de seguir ou cantar Japa, que nos ajuda muito no dia a dia. Mas uma rotina massacrante  e até improdutiva - porque cansa - tira energia como por exemplo, falta de estrutura, pouco descanso entre uma atividade e outra, impossibilidade de ler,  conviver com pessoas tão diferentes de você, com hábitos diferentes, brigar para tomar um banho em 05 minutos, com alguém batendo na porta, tomar prasada (se alimentar) baixo pressão constante e todo uma série de austeridades, que confesso  - não seria capaz de me submeter nos dias de hoje, mesmo porque estavam longe de serem atividades satvicas, e era muito difícil de se acostumar porque consistia em atividades em que se suprimiam constantemente o mais básico dos básicos de suas necessidades, mas aceitávamos e concordávamos porque havia irrestrita entrega. Outros momentos.

 

Aradhya entretanto reagiu de uma forma inesperadamente violenta quando percebeu que não conseguiria me demover, e passou a gritar dizendo que aquele era o meu serviço e que não podia parar, até perdeu a paciência por completo vindo a me esbofetear, após, disse que se eu não tivesse mais interesse em fazer Sankirtana não tinha mais lugar para mim no templo e que eu podia ir embora para casa dos meus pais.

 

Grande decepção.....me recordo que na época fiquei extremamente triste, mas o que podia fazer? a quem pedir socorro? Voltar para a casa dos meus pais ? Jamais! (tinha 17 anos ainda) De que tinha me valido todas aquelas austeridades, se quando eu mais precisava era simplesmente - Jogado para fora.

 

Peguei minha bolsa com as poucas coisas que tinha e fui embora.....

 

Depois de pensar algum tempo, resolvi que não queria mais viver nesse mundo e que preferia jejuar até que os forças do meu corpo esvaecessem. Esse mundo material tinha se tornado um lugar inóspito, sem chance de oprtunidade para meus propósitos espirituais, acreditei de verdade que tinha concluído minha passagem, estava realmente pronto para lançar-me no Universo. Era um grito de liberdade somada a completa fé no  Mestre Espiritual, que estava indicando uma porta, um acesso a outra situação e talvez encontrar uma melhor oportunidade de servir mesclado com um sentimento confuso de abandono.

 

 

Sabia que uma morte forçada (um suicídio) me traria para um corpo de Fantasma e tal situação eu não desejava também, porque no corpo de fantasma a pessoa tem todos os desejos das entidades corporificadas mas não pode satisfazê-los e por isso sofre.

 

Estava pronto para deixar esse mundo provocando uma exaustão natural. Peguei um ônibus e fui até Nova Ayodhia, sitio do Prabhu Catur Murti que fica em local conhecido como "posse"  na serra de Petrópolis.

 

Sabia que Prabhu Catur Murti iria respeitar a minha vontade porque conhecia um pouco ele e sabia de sua consciência da temporariedade desse Mundo Material. Chegando lá expus os fatos para ele e só pedi uma coisa, ser respeitado no meu desejo. Disse a ele que minha idéia era me embrenhar na mata com um Bhagavad Gita e lá permanecer, lendo e jejuando até que esse corpo fosse abandonado naturalmente.

 

Ele concordou.  Peguei o Bhagavad Gita, minha Japa, um cobertor e fui para um pequeno casebre abandonado que já anteriormente conhecia dentro da mata e lá fiquei por 5 dias. Lembro que li todo o Bhagavad Gita e alternava entre períodos de Japa, leitura e de sono, no terceiro dia resolvi que não faria mal tomar um pouco de água, já que água não era considerado como quebra de jejum.

 

No quinto dia já estava a maior parte do tempo dormindo quando Prabhu Catur Murti foi ter comigo. Disse-me que estava muito preocupado comigo e que a noticia do que tinha acontecido tinha se espalhado entre os devotos e que por fim um devoto veio me buscar com uma outra proposta de Trabalho, e que eu não poderia continuar no meu intento porque poderia prejudicar o Movimento.

 

Aradhya tinha sido afastado da direção do Templo do Rio de Janeiro, alias, depois daquele último encontro violento, nunca mais estive com ele e a última noticia que recebi e que tinha se separado da família de devotos e estava trabalhando como gerente de um Banco em Brasília (nunca mais o vi).

 

Quem tinha vindo me buscar era  recém chegado Alanath Prabhu, um devoto de origem Germânica, que falava espanhol arrastado e que me explicou que Srila Prabhupada queria desenvolver um trabalho para receber os visitantes que se chamava "programa de bhaktas" e que iria ser realizado em São Paulo, no templo da Pandia Calogeras, no Bairro da Liberdade na Capital.

 

A princípio, muito triste e chateado que estava, relutei, mas depois fui percebendo que eu não podia imaginar que as coisas estavam sobre o meu controle, mas sim sobre o controle de Krsna e que não poderia me opor ao seu desejo e que era melhor eu me ocupar em realizar o meu dever prescrito que fazer outra tarefa  por capricho.

 

nehabhikrama-naso sti,

pratyavayo na vidyate

sv-alpam apy asya dharnasya

trayate mahato bhayat

“Neste esforço, não há perda nem diminuição, e um pequeno progresso neste caminho pode proteger a pessoa de muito grande perigo”.(Bg. 2. 40)

E assim acabei aceitando aquele encargo e acompanhei Alanath Prabhu indo para São Paulo. Atualmente Alanath Das tomou a ordem Sanyase de Vida e se chama Paramadwaiti Maharaja, e vem levando adiante o trabalho de divulgar o Cantar dos Santos Nomes sob a inspiração de Srila Prabhupada e Srila Sridhara Maharaja vindo a ser um dos Fundadores da "Word Vaisnava Association"  que atualmente aqui no Brasil é conhecido como "Instituto Vrinda" que já me referi a pouco.

 

Templo da Pandia Calogeras - Programa de Bhaktas. Srila Prabhupada ainda estava no planeta e o programa de Bhakta tinha regras próprias. Como encarregado do Programa de Bhaktas, minha função era receber todos os visitantes, oferecer prasada, e introduzir os conceitos básicos da Consciência de Krsna para ao final convidá-lo a ficar no templo fazendo um estágio.

 

Para isso toda uma estrutura foi criada, pessoas ficaram encarregadas de fazer a prasada para ser oferecida aos visitantes, guardada a sete chaves, ante a volúpia alimentar dos outros devotos, que com o tempo gerou uma verdadeira guerra para conquistar a prasada dos Bhaktas. Durasadha Prabhu era expert em arrombar o armário de prasada dos Bhaktas e não havia limites para conquistar um pratinho, com arroz, um vegetal, uma samosa e um doce, normalmente simplesmente maravilhosa.

 

Os devotos sempre foram muito expert em desfrutar de prasada, ainda que fosse obtidas por meios "escusos" se é que podemos utilizar esse termo em relação a prasada. Sempre houve muito liberdade em relação a prasada, sendo implícita a autorização para fazer qualquer coisa para atingir o desfrute do alimento oferecido a Deus. Lembro que os exemplos de devotos quebrando regras para conseguir prasada era tema de grande deleite, desde a bolinha doce adquirida na mão grande diante do próprio Mestre Espiritual e roubada de outro devoto, até o exemplo de Krsna que também é conhecido como Makancor, aquele que furta a manteiga das Gopis.

 

Assim, existia toda uma mística em obter prasada de forma não muito licita, e os devotos eram profissionais em obte-la, alías, prasada tem de fato um sabor especial porque é um alimento puro e traz liberdade por ser oferecido ao Supremo Senhor.

 

Srila Prabhupada sempre foi muito enfático em distribuir prasada a todos  os visitantes, porque, como ensina Srila Prabhupada comer prasada e o mesmo que cantar o Maha Mantra.

 

Programa de Bhaktas - Meu posto passou a ser na entrada do templo, foi colocada uma mesa com cadeiras, e todos os visitantes que chegavam eram diretamente conduzidos a minha presença na recepção. Tinha um livro que cadastrava os visitantes e aquele foi um período memorável. Em menos de um mês já tínhamos quarenta bhaktas, um grande sucesso.

 

Aos baktas foram destinados aposentos especiais, aulas especiais e pela primeira vez experimentávamos a preocupação de todos os devotos conhecerem um pouco mais da Filosofia Védica. Naqueles dias havia aulas especiais para formação de Brahmanas, com uma pequeno teste ao final. Lembro que uma devota acertou quase todas as questões formuladas, que como não podia deixar de ser eram até certo ponto formuladas de modo a admitir várias respostas certas, no qual a vontade e o ponto de vista do examinador determinava a mais acertada.

 

As aulas de Alantah eram bastante técnicas e seguiam um padrão didático que buscava cobrir todos os principais aspectos do tema debatido. Observem que o padrão inicial de ler um verso por dia seguindo uma sequencia do Srimad Bhagavatam na aulas da manhã e um verso Bhagvad Gita da mesma forma era mantido.

 

Alanath Prabhu era sem dúvida um excelente administrador, apesar de Brahmacari, era bastante tranqüilo com relação aos devotos e bastante iqualilatario em relação as devotas que logo tiveram seu próprio Asrham em casa vizinha. Ele procurava manter todos os devotos satisfeitos e na medida do possível felizes, e sob sua administração, pela primeira vez os devotos experimentavam uma fase de grande prosperidade e equilíbrio, ao ponto de ser ter uma maquina de lavar roupas e secadora para ajudar a manter o Sankirtana e na Rua Pandia ter três imóveis alugados e utilizados pelos devotos, sendo um deles a Spiritual Sky comandada pelo Prabhu Paramhansa que muito laksimi carreava aos diversos programas do templo, tirando um pouco das costas dos Sankirtaneiros a obrigação de manterem o templo.

 

Reputo, pelo menos do período que estive engajado diretamente dentro da instituição, que o Templo da Pandia Calogeras foi o melhor momento do Movimento até aquele até hoje.

 

Sringala Devi Dasi, Nairvani Devi Dasi, Bhutamata Devi Dasi, Kunti Devi Dasi, ..........Lokashashi Dasa, Alanath

Dasa, Kuladevi Dasa, Caitanya Svarupa Dasa, Vyasa Dasa, Visvavandia Dasa, Jagad Vicitra Dasa, em cima Virocana Dasa, Muni Priya Dasa,  Lilandanda Dasa , Paramahansa Dasa, Durasada Dasa

 

 

 

 

 

Sringala Devi Dasi, Nairvani Devi Dasi, Bhutamata Devi Dasi, Kunti Devi Dasi,.....

 

 

                                                                     

         Alatath Dasa,          Vyasa Dasa,     Visvasvandia Dasa  e Jagad Vicitra Dasa,  Virocana Dasa, Muni Priya Dasa e Paramahansa Dasa

 

 

Nas festas de domingos ficava encarregado do som e do auto falante com anúncios devocionais.

 

 

Alguns devotos (MAHARAJA VIRAHA PRAKASHA - YAGNI, BHAMAKA E VYASA)  foram enviados ao Rio de Janeiro para abrir um Templo Rio de Janeiro e inicialmente nos hospedarmos na Casa de Prabhu Sratu Koti Vinasa em Copacabana

ABRIMOS O TEMPLO NO RIO DE JANEIRO NA ESTRADA VELHA DA TIJUCA - USINA

          

 

FAZENDA VRAJABHUMI

FOTOS EXTRAÍDAS DO ACERVO PESSOAL DE LOKA SAKSI DASA (LÚCIO VALERA)

 http://www.orkut.com.br/Album.aspx?uid=15833909335652633572&aid=

 

 

Durasada Dasa  Prabhu, Jaimine Kavi Dasa Prabhu, Gokulosatva Dasa Prabhu e outros Devotos

foto tirada em 1976 - Sankirtana na Liberdade/SP

1977

TEMPLO  LIBERDADE SÃO PAULO

 

 

OS PREPARATIVOS PARA ACOMPANHAR A PARTIDA FÍSICA DO MESTRE ESPIRITUAL

Fecha o Templo na Argentina

 

1978

OS DEVOTOS ADQUIREM TERRAS E CRIAM A FAZENDA "NOVA GOKULA"

OUTUBRO DE 1.978

 

       

  

 

FOTOS EXTRAÍDAS DO ACERVO PESSOAL DE LOKA SAKSI DASA (LÚCIO VALERA)

 http://www.orkut.com.br/Album.aspx?uid=15833909335652633572&aid=

 

 

1979

 

RIO DE JANEIRO

Vyasa Dasa e seu filho Hari Priya Dasa na frente do templo de Jacarepaguá/Rio de Janeiro

 

 

1980

  

MANIFESTO GAUDYA VAISNAVA

UMA JUSTA HOMENAGEM A MEMÓRIA DE PRABHU GOLKULOTSAVA DASA

 

 

 

 

 

A Segunda Onda - Trabalho de Alivio idealizado por Srila Sridhara Maharaja - O caminho do Coração (continuação....)


 

 

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