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Guardiões da Devoção

Primeira Ofensa contra os Santos Nomes

 — Vaisnava-ninda

A Primeira grande ofensa contra os santos nomes é a ofensa a um vaisnava, vaisnava-aparadha, ou vaisnava-ninda, que é definida por Srila Visvanatha Cakravati Thakura da seguinte maneira:

"No Hari-bhakti-vilasa (10.312) e no Bhakti-sandarbha (265), citando o Skanda Purana, está declarado:

hanti nindati vai dvesti vaisnavan nabhinandati
krudhyate yati harsam darsane patanani sat

“Matar um vaisnava, maltratá-lo, ser maldoso com ele, não recebê-lo bem ou deixá-lo insatisfeito, ficar irado com ele e não sentir prazer ao vê-lo — são as seis causas da queda.”

Ou, outra tradução alternativa:

“Bater nos vaisnavas, criticá-los, ter maldade ou inveja deles, não recepcioná-los bem, ficar irado com eles e não sentir alegria ao vê-los — qualquer uma dessas seis vaisnavaparadhas provoca queda ou a degradação de posição de quem as comete.”

Ou seja, cometer ofensas contra os vaisnava por falar mal dele e coisas do gênero (ninda adi). A palavra adi se refere aos seis tipos de vaisnava aparadha indicados no  verso acima."

 No terceiro Aguaceiro do Madhurya Kadambini, Srila Visvanatha Cakravarti Thakura faz o seguinte comentário sobre a definição de vaisnava-aparadha:

Sadhu-ninda, ou criticar os vaisnavas, é a primeira das dez ofensas contra o santo nome. Ninda também implica em animosidade, malícia e coisas do gênero. Se por acaso ocorrer uma ofensa assim a pessoa deve se arrepender: “Oh, sou uma pessoa de baixa classe, cometi uma ofensa contra uma pessoa santa!”

Uma pessoa queimada pelo fogo é aliviada pelo fogo (segundo as técnicas de tratamento ayurvédico). Por esta lógica, a pessoa deve anular a sua ofensa lamentando-se e caindo aos pés do vaisnava, satisfazendo-o por oferecer-lhe reverências, louvores e respeitos. Se o vaisnava ainda assim ficar insatisfeito, a pessoa deve prestar-lhe serviços favoráveis, de acordo como o desejo do vaisnava, durante muitos dias. Às vezes a ofensa é tão grave que a ira do vaisnava não acaba.

O aparadhi, num remorso extremado, julgando-se a pessoa mais desafortunada e condenada a milhões de anos no inferno devido à sua ofensa, deve abandonar tudo e buscar abrigo completo em nama-sa‰kirtana constante. No devido tempo o poder divino do nama-kirtana certamente livrará esta pessoa desta ofensa.

No entanto, a pessoa não deve se justificar dizendo: “O Padma Purana declara que: namaparadha-yuktanam namany eva haranty agham — santo nome é por si só capaz de liberar um ofensor (Brahma Khanda, 25.23). Portanto vou buscar abrigo neste meio supremo de purificação. Qual é a necessidade de me humilhar oferecendo repetidas reverências e serviço ao vaisnava que eu ofendi?”

Este tipo de mentalidade torna a pessoa culpada de mais aparadhas. E ninguém deve pensar que a ofensa de sadhu-ninda discrimina entre tipos de vaisnavas. Ela não se refere apenas a quem está plenamente qualificado com as virtudes mencionadas no sastra:

kripalur akrita-drohas
titiksuh sarva-dehinam
satya-saro ‘navadyatma
samah sarvopakarakah

“Ó Uddhava, uma pessoa santa é misericordiosa e nunca injuria os outros. Mesmo se os outros são agressivos ela é tolerante e complacente com todas as entidades vivas. A força e o significado de sua vida vêm da própria verdade, e ela está livre de toda a inveja e ciúmes, e sua mente é equilibrada na felicidade e na aflição materiais. Desta maneira, ela se dedica o tempo todo em trabalhar para o bem dos outros.” (SB 11.11.29)

Uma pessoa nunca deve minimizar sua ofensa apontando algum outro defeito do devoto. Quanto a isso o Padma Purana diz: sarvacara vivarjitah sathadhiyo vratya jagadvañcakah — “mesmo uma pessoa de mau caráter, desprovida de comportamento apropriado, uma pessoa trapaceira, desprovida de samskaras e cheia de desejos mundanos, se for rendida ao Senhor, deve ser considerada um sadhu.” (Brahma Khanda, 25. 9-10)  O que dizer então de um vaisnava!

Às vezes comete-se uma ofensa séria a um maha-bhagavata, mas ele não fica irado devido à sua natureza elevada. No entanto, o ofensor deve cair aos pés deste devoto e ver uma maneira de satisfazê-lo para se purificar da ofensa. Apesar de o vaisnava poder perdoar as ofensas, a poeira dos pés de lótus dele não tolera ofensas e concede os frutos da ofensa ao culpado. Por isso se diz que:

sersyam mahapurusa-pada-pamsubhir
nirasta-tejahsu tad eva sobhanam

“Aqueles que invejam santos elevados são certamente degradados pela poeira dos seus pés de lótus.” (SB 4. 4.13)

No entanto, não se pode aplicar regras convencionais para os poderosos, espontâneos e muito elevados maha-bhagavatas, que às vezes podem conceder a sua imensurável misericórdia até mesmo para as pessoas mais desprezíveis ou ofensivas. Por exemplo, apesar de Maharaja Rahugana fazer Jada Bharata carregar o seu palanquim e o rei ainda censurá-lo com uma série de impropérios, ainda assim Jada Bharata concedeu-lhe sua misericórdia. Da mesma maneira, Sri Nityananda mostrou Sua misericórdia até para o muito pecaminoso Madhai, que O ferira na testa, causando sangramento.

E por que ocorre a Vaisnava-aparadha?

 Segundo a abalizada opinião de Srila Bhaktivinoda Thakura, no Sri Caitanya-siksamrita, comentada por Srila Gour Govinda Goswami Maharaja, a causa da vaisnava-aparadha é:

“...É muito importante evitarmos  cometer vaisnava-aparadha, porque Bhakti-devi irá desaparecer completamente. Criticar um vaisnava, encontrar falhas num vaisnava, blasfemar um vaisnava ou falar mal de um vaisnava, são as vaisnava-aparadhas.

Mas porque ocorrem essas vaisnava-aparadhas? Por que deve haver críticas, inveja ou ódio na sociedade vaisnava? A vaisnava-aparadha é o anartha mais grave. Bhakti-devi irá desaparecer e nunca seremos capazes de desenvolver prema-bhakti. Se vocês cometerem vaisnava-aparadha criarão um grande obstáculo no caminho de prema-bhakti.

 Geralmente é devido à inveja e ao medo é que ocorre a vaisnava-aparadha. Onde existe tanto o medo quanto a inveja, ocorre vaisnava-aparadha. E quando se comete a vaisnava-aparadha surge a ira, krodha. O ofensor fica muito irado com aquele vaisnava. Ele fica com medo do vaisnava porque ele é um vaisnava muito poderoso:

 
“Ele está fazendo um avanço rápido e eu não estou fazendo nenhum avanço.” Ele fica com medo e com inveja desse vaisnava. Vem o medo: “A maioria das pessoas ficará atraída por ele e ninguém ficará atraído por mim.” São essas duas coisas, irsha e bhaya, inveja e medo, que são as causas."

Portanto, o ofensor fica procurando falhas nesse vaisnava, o critica e fala mal dele. E assim comete vaisnava-aparadha e fica irado com o vaisnava — surge krodha. Portanto, é apenas devido à inveja que surgem esse ódio e criticismo, o ofensor começa a falar mal do vaisnava e fica inventando histórias

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